terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Curto curtir cercado de caos coletivo.

De Ilhas Vãs ao Mundo

domingo, 27 de dezembro de 2009

Vamos celebrar o célebre estandarte
Vamos celebrar potência de ser
Ficar atordoado com as luzes que se abrem no céu
Celebrar o grande rito de passagem dos índios
Vamos celebrar o grande cajado fincado na terra
Que a faz sangrar e chorar
Vamos ficar estáticos, sempre na inércia do tempo
Iremos sim de navio, levando conosco o balançar
Levaremos também os ditos feitos para o mar
Banharemos-nos nas águas turvas do oceano
Aí sim teremos a quem amar!


Me digas, o que tem de levar?
Levo aqui um coração parado por bater
Levo assim uma lucidez pedinte, mas que não sai pra ver
Trocando os miúdos com os miados e trazendo tudo no embalo
Levo a grande leviandade de levar o leve
E levo também o sábio, pra não levar o velho
E levo tudo que cabe comigo, levando até quem não posso contigo


Celebro o pesar de ter o que não ter
Converso com Czares e vejo o que não crer
Viro, rolo, mexo e peço colo
Duro um segundo e ainda assim não tenho motivo
E olho, olho, e olho, olhando o olho que me fez olhar
Pensando na vida, me fez parar
Paro... Pulo... E permaneço no mesmo lugar
Consigo o sorriso do lindo e me venho sentar
Olho o mundo na tela, me canso e fecho a janela
Agora me tranco sozinho, no mundo que eu posso criar
Agora crio, mato e desfaço e aqui posso trocar


E faço do risco um laço que posso lançar
Coloco mais nada em papel, porque não quero
E nem me sobra tempo e espaço
Só pra continuar o laço
Com a corda, laço mil maravilhas e até uma tal melodia que me faz alegrar
Olhando a bela Maria me fazendo suspirar
Conglomero e aperto até sufocar
E dou um belo sorriso para a dama do roliço
Que não pode mudar


Me faço sem maldade, como quem pede ao padre
Mas não sabe rezar
E continuo nessa dança, pulando feito criança
Só pra a vida alegrar
Mudo tudo, faço prosa, escrevo bossa, mato a rosa
Só pra começar


E com nenhum sentido, coloco pedra
E faço riso pra poder insinuar
Tirando todo o sentido de tudo que é divino
Só pra poder sufocar
Olhando em frente ao passado
Vejo gente, vejo sábio, mas não posso mudar


E assim é o ser, tão sabido e tão bonito
Que nem define ao belo olhar!


Roberto de Campos