Silêncio

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

-O total silêncio pode ser revelador ou desesperador, concorda com isso?
A sala permaneceu quieta, com um silêncio quase absoluto, cortado por um pequeno ventilador no canto do cômodo que ao ventilar o quarto fazia um barulho forte.
Uma pessoa levanta vagarosamente, caminha por toda a sala e o desliga. Dá um suspiro e retorna ao seu lugar de antes.

-O total silêncio pode ser revelador ou desesperador, concorda com isso?
-E porque pergunta isso?
...Silêncio...
-Por que perguntas isso!?
O silêncio permanece.
-Entendi quer que eu fique aqui perguntando, até eu me desesperar e você confirmar a tua resposta né? Mas tudo bem, eu não vou me submeter a isso.

Após algum tempo a sala permanecia com um silêncio ensurdecedor. Alguém puxa um cigarro do bolso, pega a caixa de fósforos e com cuidado para não quebrar o palito, acende o cigarro. Joga a fumaça ao ar, apreciando cada tragada no cigarro, aproveitando o caminho que a fumaça faz até chegar aos pulmões e ao sair pela tua boca e se espalhar ao ar.
20 minutos depois, uma voz rouca e grossa, parecendo com o de uma pessoa de idade, quebra o silêncio da sala:
- A partir de agora não mais falarei, ficarei mudo por opção, deixarei surdos os que vierem me falar e não proclamarei uma só palavra. Sendo assim deixar-me-ei fazer do silêncio minha revelação e deixando desespero com meu verdadeiro eu. É assim que farei, assim serei e nada me impedirá, agora começo a viver.

A porta foi aberta, algo de lá saiu, apagou a luz e saiu. Deixou pra trás tudo e nada, deixou pra trás o que quis e levou consigo o silêncio que o necessitava.